Autor: Guilherme Zamboni Ferreira
Coordenação: Dr. Paulo Reyes
Data: DEZ/2018
Local: Faculdade de Arquitetura UFRGS, Porto Alegre, RS
DERIVA
Deriva na Av. Osvaldo Aranha. Vídeo: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Deriva fotográfica na Av. Osvaldo Aranha. Foto: Guilherme Zamboni Ferreira
Somos uma sociedade
capitalista que nunca para de produzir para consumir (e consumir para seguir
produzindo). Nesse processo esquizofrênico geramos cada vez mais sobras
(restos) que são como os rastros de nosso próprio modo de vida na cidade,
evidências dos excessos que esgotam os recursos e saturam nosso ambiente em
troca da promessa de distribuição de riqueza (mal dividida). Assim, esse
excesso faz parte do território da cidade, e seu destino todavia é incerto.
Caminhando pela
Avenida Osvaldo Aranha (em Porto Alegre, RS), num final de tarde ventoso, uma sacola plástica atravessa
meu caminho. A cena é quase poética, o leve objeto plástico voando a baixa
altura e tomando formas aleatórias, fazendo um trajeto indeterminado, travando
em obstáculos na calçada, vencendo alguns com facilidade, outros nem tanto, mas
seguindo rumo a um destino incerto, à deriva.
De onde surgiu esse objeto?
Como voa tão facilmente e não atrai a atenção das pessoas que por ali caminham e somente desviam de sua trajetória?
De onde surgiu esse objeto?
Como voa tão facilmente e não atrai a atenção das pessoas que por ali caminham e somente desviam de sua trajetória?
Seguindo meu percurso
percebo que esta sacola plástica não é o único objeto espalhado pela rua, há
também: papéis, terra, folhas de árvores, vidros, garrafas, copos, canudos, embalagens
em geral, enfim, um conjunto heterogêneo de restos e dejetos de diferentes
cores, texturas e densidades. Deparo-me também com restos de comida, e logo me
chamou a atenção um tomate mordido deixado cuidadosamente num canto da calçada,
como se alguém estivesse ali comendo e logo aparecesse para buscá-lo. Mais
adiante, uma boca-de-lobo interrompida por (ob)dejetos travando o fluxo pluvial
que naturalmente seguiria por gravidade para o ponto mais baixo do terreno. Mas
a “gravidade” aqui já não é a força de atração dos corpos (no sentido físico da
palavra), mas sim o sentimento de seriedade do fato que é grave, o que também
ressignifica a expressão “ponto mais baixo” pois parece realmente que algo de
pior se aproxima com certa gravidade.
Essas coisas que
sobram, que se acumulam pelas ruas, calçadas, terrenos baldios ou aterros
sanitários da cidade e vão parar em rios e mares, são restos de objetos e são
também dejetos, (ob)dejetos que deixamos na rua, que nos livramos após consumir
alguma coisa.
Parece que quando
colocamos esses restos na lixeira o ciclo deles se encerra ali, pois nos
libertamos dos restos que caem num esquecimento momentâneo. Esse material diverso,
normalmente, depositamos nos seus devidos lugares, receptáculos desenhados ou simplesmente
improvisados por uma necessidade imediata, são sacolas plásticas, sacos de lixo,
caixas de papelão, entre outras coisas deixadas em lixeiras, containers, canteiros,
calçadas, troncos de árvores, grades, ou o que quer que seja, tudo pode se
transformar num local de descarte desse material de sobra.
Tudo que se
transforma em sobra é comumente denominado de “lixo”. O lixo está na cidade, é
produzido nela, e nela se acumula formando uma espécie de palimpsesto do
consumo. O que fazer com o lixo da cidade?
MONTAGEM
MONTAGEM
Fotografia: Daniel Marenco. Fonte: Daniel Marenco - Instagram
Fotografia: Chris Steele-Perkins. Fonte: Magnum Photos - Instagram
Fotografia: Guilherme Zamboni Ferreira
Fotografia: Autor desconhecido. Fonte: www.agriculturayganaderia.com
Banksy. Fonte: https://www.funpic.us/funny/i_dont_believe_in_global_warming-157745/
Banksy. Fonte: https://www.exquisiteartz.co.uk/banksy-cctv---what-are-you-looking-at-graffitistreet-fine-art-printposter-sizes-a4a3a2a1-001195-4316-p.asp
Interface Internet Explorer. Fonte: https://imgur.com/gallery/D5J9dxP/new
Arthur Bispo do Rosário. Fonte: https://www.obrasdarte.com/arthur-bispo-do-rosario-e-leonilson-os-penelope-por-rosangela-vig/
Frank Zappa. Fonte: https://i.pinimg.com/originals/1e/19/de/1e19dee2f53e59af43dbeef2f817fcad.jpg
Captura de tela. Fonte: https://exame.abril.com.br/ciencia/greve-dos-caminhoneiros-reduziu-poluicao-em-sao-paulo-pela-metade/
Captura de tela. Juergen Teller. Fonte: https://www.artsy.net/unsupported-browser
Imagem do livro Aprendendo com Las Vegas (1966). Denise Scott Brown, Robert Venturi, Steven Izenour. Fonte: http://www.mascontext.com/issues/13-ownership-spring-12/invention-and-tradition/
Divisor (1968). Lygia Pape. Fonte: https://www.ufrgs.br/arteversa/?p=1016
Filme The Zabrieskie Point (1970). Michelangelo Antonioni. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=guOmJM8xvHA&t=322s
[...] apesar
da crise do trabalho, o mundo continue a ser soterrado debaixo de avalanches de
sucata automóvel fedorenta, de horrorosos blocos de betão, de mercadorias-lixo
de baixo valor, para que aos homens reste a última e triste liberdade que ainda
conseguem imaginar: a liberdade de escolha perante as prateleiras do
supermercado. Manifesto contra o trabalho. 1999. Grupo Krisis.
"São todos redundantes. Dejetos ou refugos da sociedade. Em suma, lixo. "Lixo" é, por definição, o antônimo de "coisa útil", denota objetos sem utilidade possível. Com efeito, a única habilidade do lixo é sujar e atravancar um espaço que, de outro modo, poderia ser proveitosamente empregado. O principal propósito do ban-óptico é garantir que o lixo seja separado do produto decente e identificado a fim de ser transferido para um depósito adequado." Zygmund Bauman. Vigilância líquida: Diálogos com David Lyon. 2014. p. 52
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